Continuação de um texto com o título “A vocação de Bentinho” (Livro Ser em Português 8 pág. 102) em que tínhamos de imaginar um diálogo entre José Dias e a D. Glória, mãe de Bentinho.
José Dias caminhava em direcção à sala de estar, onde se encontrava Dona Glória a tomar o seu chá de camomila. As suas mãos tremiam devido ao nervosismo que o consumia: o que estava em questão não era apenas o sonho de Bentinho, estudar as leis na Europa, mas também o seu, viajar pelo continente que tanto adorava. Para além disto, ele sabia que a Dona Glória era uma pessoa autoritária e não era fácil fazê-la mudar de ideias.
- Boa tarde, Dona Glória!
- Boa tarde, José Dias.
- Como tem passado?
- Bem, obrigada por perguntar. E o menino?
- Humm, b-bem, minha senhora.
- A que vens? Olha que o Bentinho não está cá, se ele quem procuras.
- Pois, eu sei, Dona Glória! Na realidade vinha falar consigo.
- Verdade? Passa-se alguma coisa com Bentinho?
- Sim, não, mais ou menos…
- “Mais ou menos” não é resposta. Deixa-te de rodeios e responde à minha pergunta.
- Humm… ah…ah… como hei-de dizer?
- Agora que vejo, o menino está muito nervoso.
- Estou?!... Talvez um pouco. Pois, Dona Glória, trata-se de uma assunto sério.
- Um assunto sério?!
- Sim, Dona Glória, é sobre o futuro do seu filho, o que ele quer ser quando for adulto.
- Ah isso, é óbvio que ele vai ser padre.
- Isso não é justo, as pessoas deviam seguir os seus sonhos.
- Os seus sonho, como assim?
- As suas vocações. O Bentinho quer ser advogado, quer ir para a Europa estudar as leis… ai, ai a Europa!
- Advogado? Estudar as leis? A Europa? O Bentinho nunca me falou disso.
- Sim, Dona Glória. A senhora vai-lhe partir o coração se não o deixar seguir a sua vocação. E se a deixa mais descansada, posso acompanhá-lo… à Europa.
- Não, eu não posso partir o coração de Bentinho, do meu querido filho. Vou falar com ele e se for mesmo esse o seu desejo, o deixarei ir… e o menino pode ir com ele.
- Boa, a Europa. Nem sei como lhe agradecer.
- Vá chamar o Bentinho que eu tratarei desse assunto.
- Com certeza, Dona Glória. Iupi!!!
Salomé Carvalho e Ana Pinto
gosto das reticencias...lol
ResponderEliminaradorei o vosso trabalho, força ai!